Vantagens que o morto tem

 

VANTAGENS QUE O MORTO TEM

Irmão José de Carvalho Visgueiro

Este assunto é inusitado

Pra quem não sabe entender
Vou procurar descrever
Deste jeito assim rimado
É até endereçado
A mim e todos também
Quem morre passa a refém
Dentro dum sono profundo
Mas que saiba todo mundo
Vantagens Que o Morto Tem

Não é vantagem morrer
Quem tá vivo diz assim
o melhor mesmo é viver
Que esteja bom ou ruim
Teve princípio, tem fim
Lembremos Matusalém
Morreu ao passar dos cem
No Mausoléu está só
Nem sabe que virou pó
Vantagens Que o Morto Tem

Bem num canto da capela
O esquife está prostrado
Todo mundo arrodeado
Entre grinaldas e vela
Quer seja aquele ou aquela
Não causa inveja a ninguém
Pois não aparece quem
Queira ser aquela imagem
Isto sim, é que é vantagem
Que o Pobre do Morto Tem

Estirado num caixão
Todo trancado e sizudo
Além de não vê, tá mudo
Nada lhe chama atenção
E o sentido da visfo
Agora falta também
De tudo fica refém
Mortalha, sua roupagem
É triste mas é vantagem
Que o Pobre do Morto Tem

Todos nós somos iguais
Ao baixar à sepultura
Sete palmos de fundura
Para todos os mortais
A matéria se desfaz
A alma vai pro Além
Ninguém é mais que ninguém
Nessa hora derradeira
Portanto, queira ou não queira
Vantagens Que o Morto Tem

Num ataúde de pinho
Naquela masmorra escura
Finda toda formosura
De quem fica ali sozinho
É esse o nosso caminho
Pois não escapa ninguém
Fica pra não mais voltar
É de não se acreditar
Nunca vi um reclamar
Vantagens Que o Morto Tem

Chega um elogiando
Fazendo o sinal da cruz
Meu irmão, vá pra Jesus
Pois Ele tá lhe esperando
E o Padre junto rezando
E todos dizendo amém
Toca o sino em Belém
Soando na amplidão
São vantagens que lhe dão
Que o Pobre do Morto Tem

Sempre se vê nessa hora
Um orador de plantão
Numa linda louvação
À quem está indo embora
Enquanto ali alguém chora
Pela emoção que lhe vem
Mas ele nem tá sabendo
Não tá ouvindo nem vendo
Por isto é que estou dizendo
Vantagens Que o Morto Tem

Tem viúva que nem chora
E quando chora é disfarçando
Até na missa, nessa hora
Imita que tá rezando
Às vezes já tá pensando
Na herança e noutro alguém
Quem morre, leva sumiço
Acabou-se o compromisso
E ele nem sabe disso
Vantagens Que o Morto Tem

Maceió, Fevereiro, 2015
Por: José de Carvalho Visgueiro

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Como quero ser lembrado?

Como quero ser lembrado?

Um irmão me perguntou no meu ultimo minuto de vida, a quem seria as minhas palavras, seria ao GADU eu disse, e ele me disse o que você diria ? , então eu penso que só agradeceria pela minha vida e pelo que foi permitido viver, então ele perguntou o que eu acho que as pessoas escreveriam em minha lápide, realmente eu não sei mas eu gostaria que as pessoas quisessem colocar “Aqui descansa um homem justo”. E assim começo este texto. Pois realmente o modo como seremos e queremos ser lembrados é o que pode determinar o modo que conduzimos nossas vidas.

E me veio outro pensamento , que também gostaria de ter a oportunidade de dizer adeus as pessoas que encontrei pelo caminho , antes de partir, e poder dizer uma a uma o quão importante elas foram para que eu cumprisse a minha missão, pois de nossas vidas entrelaçadas e que cada um escreve a sua história.

Quem nos faz o bem , quem nos faz o mal, todos imprimem em nosso espírito a receita de como vamos seguir, e cabe a nos ver a dosagem e quanto vamos tomar desta receita, a o néctar doce dos encontros, do primeiro beijo, de fazer amor, de um abraço, de um afago, de uma piada onde muitas vezes quem está contando e mas engraçado do que a própria piada, o nascer de um filho, poder acompanhar a gravidez do mesmo, viajar com a família, as refeições bem acompanhado, mas também o fel que amarga, nos desencontros, quando é mau interpretado, nas traições , nas perdas, nas inconsequencias, nas brigas, no desencanto, e tudo mais que interfere em nossas decisões , que as vezes marcam por toda vida e as vezes se esquece em minutos, mas o importante é o rumo que decidimos tomar e COMO QUEREMOS SER LEMBRADOS.

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Cargos em Loja

CARGOS EM LOJA

Irmão José Robson Gouveia Freire

VENERÁVEL MESTRE

A jóia do quadro é o Esquadro. Sendo o Esquadro o símbolo da Retidão, como jóia distintiva do cargo de Venerável, indica que ele deve ser um Maçom reto e justo.

Como símbolo da retidão, todo maçom deve subordinar suas ações. Como símbolo da virtude, devemos retificar nossos corações. O Esquadro é materialmente o instrumento empregado nas construções. Simboliza para o Venerável, a grandeza, a sabedoria de seus julgamentos e ensinamentos aos membros da Oficina. É dessa sabedoria e discernimento da Justiça que devem brotar seus julgamentos, suas sentenças.

Pelo Venerável se conhece a Oficina, isto é, sendo ele o resultado da vontade dos Irmãos do Quadro, é constitucionalmente o responsável direto e indireto pela atividade ou inatividade, pelo brilho ou pela mediocridade, pela participação ou desunião, pela igualdade ou complexo, pela prepotência ou pelo ambiente de harmonia, enfim pelo fracasso ou pelo retumbante sucesso.

VIGILANTES

Denominam-se Vigilantes, os dois Oficiais de uma Loja atual, que, por ordem hierárquica seguem ao Venerável Mestre, ao qual, embora contrariando algumas tradições, sucedem-no na presidência dos trabalhos durante os impedimentos. Esses três oficiais são denominados “As Três Pequenas Luzes da Oficina”.

Os Vigilantes são os colaboradores diretos do Venerável Mestre para ministrar instruções aos Aprendizes e Companheiros. Sendo pela ordem hierárquica, o segundo Oficial da Loja, cabe ao 1º Vigilante ministrar instrução aos Aprendizes e o 2º Vigilante, terceiro da hierarquia, instruir os Companheiros.

PRIMEIRO VIGILANTE

O Nível é a Jóia distintiva do cargo. E o emblema da Igualdade. O Nível maçônico é formado pôr um Esquadro de hastes iguais, de cujo ângulo desce uma Perpendicular. O Nível simboliza a Igualdade social, base do Direito Natural e a Perpendicular significa que o Maçom deve, e precisa possuir, uma Retidão de julgamento que nenhuma afeição de interesse ou de família deve impedir. O que pode distinguir os Maçons e conduzi-los aos Altos Cargos é o mérito e também as virtudes e o talento.

O Nível lembra ao Maçom que todas as coisas devem ser consideradas com serenidade igual e que o seu simbolismo tem como corolário, noções de Medida, Imparcialidade, Tolerância e Igualdade, bem como o correto emprego dos conhecimentos.

Ao Irmão Primeiro Vigilante cabe a direção da Coluna do Norte.

SEGUNDO VIGILANTE

A Jóia do Cargo é um Prumo ou Perpendicular. Esta jóia sugere que não se deve parar no aspecto interior das coisas, mas que se deve penetrar o sentido oculto das Alegorias e dos Símbolos. Ele representa o Símbolo da Pesquisa da Verdade nas profundezas onde se oculta; assim como da elevação dos sentimentos maçônicos em direção das alturas. No alto como em baixo, descobre-se a beleza do Espírito e do Coração.

O Prumo ou Perpendicular na Maçonaria é fixado no centro de um Arco. Ele é o emblema da busca, da pesquisa, da investigação da Verdade. E, aproximando-o da verdade, do equilíbrio, ele parece mostrar o caminho que conduz à perfeição. Aliado ao Esquadro, ele permite a correta e perfeita construção do Templo.

ORADOR

A Jóia do Orador é um Livro Aberto, que simboliza que o mesmo nada esconderá, nada duvidoso deixará.

O Livro Aberto simboliza que ele representa a Consciência da Loja, que ele deve conhecer os Cânones para definir a Razão.

O Orador, cargo criado pela Maçonaria Francesa logo após a sua introdução naquele país, tem na ordem hierárquica dos funcionários o quarto lugar e pede a Palavra diretamente ao Venerável.

Só pode apresentar as suas conclusões, baseadas nas proposições dos outros irmãos, não pode emitir opinião própria.

O Orador é o ponto de equilíbrio de uma Oficina. Auxiliado pôr um bom Orador que consiga unir, a madureza de um juízo reto a uma sólida erudição, a um necessário conhecimento das Leis Maçônicas, é muito difícil que um Venerável caia em erros crassos, em equívocos, ou se exceda no exercício de suas funções.

A Igualdade, a Liberdade, a Razão; o Direito e a Justiça, deverão encontrar no Orador, as mais sólida garantia, o mais competente defensor. Para isso ele deve possuir o mais profundo conhecimento dos Regulamentos Gerais, da Ordem e dos particulares da Oficina, assim como tudo o que concerne ao Regimento Interno da Loja e aos cargos confiados aos Dignitários e Oficiais.

SECRETÁRIO

Como o Secretário representa a Memória da Loja, sua jóia são duas penas cruzadas indicando que ele assegura a tradição da Ordem e da Oficina, com o registro de todos os fatos passados bem como o presente.

O Secretário e, na ordem hierárquica, a Quinta Dignidade; pede a Palavra diretamente ao Venerável.

O Secretário é o grande responsável pela História da Maçonaria. Os historiadores do futuro basear-se-ão no que ele registrar. Se ele deixar de registrar, ou registrar mal os fatos ocorridos, a História, nesse caso, ficará truncada ou será mal contada.

Sendo a Lua o símbolo do Secretário, pois ela não tem luz própria, dependendo de luz alheia para brilhar, assim o Irmão Secretário também só registra o que foi dito pôr outrem no exercício de seu cargo. As vezes também registra sua opinião, mas ele é, apenas o fotógrafo da reunião. E com certeza isso não é pouco.

TESOUREIRO

As duas chaves cruzadas, usadas como jóia do Tesoureiro da Loja, significam que ele é o Depositário das reservas monetárias da Loja e seu manipulador. A chave é um símbolo forte e marcante dentro da Maçonaria, muito especialmente nos chamados Altos Graus. Ela é considerada como símbolo do Silêncio, da Circunspeção, da Inteligência, da Prudência e da Discrição.

O Tesoureiro, assim como o Secretário da Loja, ocupam cargos de cunho profano, até mesmo na nomenclatura dos mesmos. No entanto, seu valor dentro da Administração é de suma importância.

CHANCELER

A jóia do Irmão Chanceler é um Timbre ou Chancela, simbolizando que o Chanceler é o Guarda Selos da Loja, responsável pela Documentação da Loja e pela guarda dessa documentação. Ela é somente um símbolo do cargo, não tendo nenhuma simbologia maçônica.

Chanceler é um dos principais oficiais da Loja. É ele o depositário fiel do Timbre e do Selo da sua Oficina.

MESTRE DE CERIMÔNIAS

Como símbolo a Régua Graduada representa o aperfeiçoamento moral. Ela também é tida como símbolo de método, da retidão, da Lei. Pode também ser con­siderada como símbolo do Infinito, já que a linha reta não tem começo e nem fim. É como símbolo da moralidade que ele mais se representa, traçando a linha reta de que o bom Maçom nunca deve afastar­ se. A régua aparece nas Lojas Maçônicas como aparelho de trabalho de mediada de tempo que não deve ser perdido em ocio­sidade, mas sim, aplicado no trabalho em prol da Humanidade. A primeira con­dição para a vida feliz de uma Loja Ma­çônica, é a perfeição de seus trabalhos. Dessa perfeição dependem a Paz, a Har­monia, a Dignidade dos que têm o Dever, a verdadeira noção do dever.

O cargo de Mestre de Cerimônias é um dos cargos de real importância den­tro de uma Loja Maçônica. Além das atribuições que lhe são de regulamento, ele deverá ser um exímio executor da Ri­tualística e dos sinais e palavras dos graus em que estiver se desenrolando os trabalhos. Na verdade esse oficial deve ter o mais completo domínio do cerimonial maçônico.

HOSPITALEIRO

A Jóia do Cargo do Irmão Hospita­leiro é uma pequena sacola, simbolizan­ do o Farnel do Peregrino, do Viajante, do Pedinte, é ele que, em nome da Fraterni­dade, todas as reuniões coleta dos óbolos da Beneficência, da Solenidade Maçônica para com os menos favorecidos pela sorte.

Os Ritos de York, Schroeder e Brasileiro, não possuem o cargo de Hospitaleiro.

Dentro da hierarquia dos cargos de uma Loja, em dos de mais elevada importância é o do Hospitaleiro da Oficina.

A escolha do Hospitaleiro deverá recair sobre um Irmão dinâmico, de moral ilibada, sem mácula, que conheça bem todos os Irmãos. – Deverá gozar da simpatia de todos para poder imiscuir-se nos problemas de cada um como se fora um parente de sangue, um filho da casa. Seu trabalho dentro do Templo é irrelevante. Qualquer Mestre poderá substituí-lo à altura. Fazer girar o Tronco é muito fácil. Seu trabalho, sua missão fora das quatro paredes do Templo é que é importante, muito importante e requer muito carinho, muita dedicação, muito desprendimento.

EXPERTOS

A Jóia do Irmão Experto entre nós, é um Punhal. Por que o Punhal?

Esta arma é o emblema do Castigo que merecem os perjuros e do remorso que deve despedaçar-lhe o coração. É sabido que o Punhal é uma arma ofensiva. Na Maçonaria porém lhe tem outro significado e figura em muitas cerimônias e entre os emblemas distintivos de vários Graus filosóficos com significado meramente simbólico. Entre os Maçons ele significa também o combate que devem travar para que, com a palavra e com a pena, defender, com todo vigor, a Liberdade de Pensamento, de Consciência. Ele é o principal atributo dos Expertos que guiam os Profanos durante a Iniciação e que telham os Visitantes. Embora o Punhal seja tido como símbolo da Traição, para nós, é o símbolo da fortaleza, da guarda. Hierarquicamente, o Experto, é o sexto Oficial da Loja, o primeiro depois das Cinco Dignidades.

GUARDA DO TEMPLO OU COBRIDOR

A Jóia do Cobridor são duas Espadas Cruzadas. Ao ser juramentado com Cobridor, o Mestre Instalador diz estas palavras: “Cabe lembrar-vos que estas Espadas Cruzadas indicam que só deveis dar ingresso em nosso Templo aqueles que têm direito a tomar parte em nossos trabalhos., Simbolicamente os ferros cruzados, em guarda para o combate, nos ensina a nos pormos em defesa contra os maus pensamentos e a ordenarmos moralmente as nossas ações.

Armado de Espada, o Cobri dor fica a esquerda de quem entra, ao lado da porta cuja guarda lhe é confiada e que deve manter fechada. Pôr esse motivo é que, em determinadas potências, é também chamado o Guarda do Templo, representando o traço de união entre o mundo profano e a Loja, só ele pode abrir ou fechar a porta.

A prova da grande importância deste cargo, se verifica na Maçonaria Inglesa. Lá as Lojas elegem apenas o Venerável, o Tesoureiro e o Cobridor Interno, pôr considerarem tais cargos os de maior responsabilidade, devendo pôr isso merecer o voto de todos os Irmãos da Loja. O Venerável é que nomeia os ocupantes de todos os outros

PORTA BANDEIRA

A Jóia do cargo, é a primeira do Pavilhão Nacional. Não possui nenhum simbolismo maçônico. É uma prática profana introduzida nos Templos, para ativar o sentimento de cada Irmão.

E uma jóia simples, destituída de qualquer interpretação que não seja, aquela feita pêlos profanos, ou seja, a representação da Pátria, o mais elevado símbolo de uma Nação. A vibração da alma de um povo, tanto na Paz como na guerra.

Tal encargo foi oficializado na maçonaria brasileira somente a partir de 02 de abril de 1959.

PRIMEIRO DIÁCONO

Do Grego: Diakonos = servidor.

É o mensageiro do venerável mestre. A Jóia do primeiro diácono, é uma pomba dentro de um triângulo. A pomba a mensageira da paz, a representação da divindade.

SEGUNDO DIÁCONO

Mensageiro do primeiro vigilante, responsável pela ordem no ocidente. A Jóia do segundo diácono é a pomba livre.

PORTA-ESTANDARTE

A Jóia do Cargo é uma miniatura de um Estandarte. Ela não possui simbolismo maçônico. Só indica o cargo do portador da mesma.

Estandarte é a insígnia de uma corporação, seja militar, religiosa, esportiva ou filosófica, sendo no caso da maçonaria, conhecida e utilizada como uma continuação da tradição das antigas confrarias e corporações profissionais medievais, que tinham pôr seu Estandarte a maior veneração e respeito.

A humanidade sempre necessitou de símbolo. Desde os mais remotos tempos ela vem usando para representar sua crença ou ideal, partido ou família, dignidade ou função, agremiação ou qualidade, cidade ou pais, enfim, símbolos de forma e denominação várias.

MESTRE DE HARMONIA

A Lira é um instrumento musical, de corda, em numero variável, parecido com uma harpa, porém em menores dimensões, sendo um dos instrumentos mais antigos de que se tem notícia.

Se considerarmos os efeitos dos sons musicais durante as nossas Sessões, preparando o ambiente, tomando-o mais harmônico, mais solene, inspirador e belo, compreenderemos que a execução de uma seleção musical será o complemento indispensável para uma boa sessão.

MESTRE DE BANQUETES

A Jóia do Cargo é a Cornucópia que sempre simbolizou a fartura, a abundância. A fábula diz ter sido ela arrancada da cabeça de Aquelous, personagem mitológico, quando transformado em touro, foi vencido pôr Hércules. Na Maçonaria também se usa uma Taça como Jóia de cargo de Mestre de Banquetes.

ARQUITETO

A Jóia do cargo de Arquiteto é o Maço e o Cinzel, símbolos da força dirigida, para desbastar as imperfeições.

Um cargo que parece de pouca importância, mas que na realidade é tão ou mais importante que muitos outros tidos como tal. Suas ocupações não são vistas durante a reunião, ou melhor são vistas mas não lhe são atribuídas já que seu trabalho consiste, alem, de outros, na ornamentação da Loja, colocando cada coisa em seu devido lugar. Ao Arquiteto está o sublime encargo de cuidar, e bem, de tudo quanto pertence às decorações e ornamentações do Templo.

O seu trabalho é feito antes de começar as Sessões, tornando-se durante a mesma um privilegiado espectador.

PORTA ESPADAS

Responsável, pela guarda e manutenção das espadas da Loja. A Jóia do porta espadas, é uma espada, símbolo da força.

BIBLIOTECÁRIO

Responsável pela parte cultural da Loja e, pelos livros de registros. Simboliza a luz interior.
A Jóia do bibliotecário, é um livro com a pena.

Bibliografia

Cargos em Loja – Assis Carvalho

Liturgia e Ritualística – José Castellani

Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz

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Precisa-se de Matéria Prima para construir um País

“Precisa-se de Matéria Prima para construir um País”

Texto retirado do jornal do meio ambiente, publicado em 14 de novembro de 2005, por João Ubaldo Ribeiro.

Por João Ubaldo Ribeiro 15/11/2005 às 17:22

A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e

Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve.
E o que vier depois de Lula também não servirá para nada..

Por isso estou começando a suspeitar que o problema
não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula.
O problema está em nós. Nós como POVO.
Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA” é a moeda
que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar.

Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma
virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e
respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais
jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas
caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal…
E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE
ESTÃO.

Pertenço ao país onde as “EMPRESAS PRIVADAS” são
papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam
para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes
e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos …e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo
porque conseguiu “puxar” a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a
declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito.

Onde os diretores das empresas não valorizam o
capital humano.

Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as
pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo
por não limpar os esgotos.

Onde pessoas fazem “gatos” para roubar luz e água e
nos queixamos de como esses serviços estão caros.

Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior
nosso atual Presidente, que recentemente falou que é “muito chato
ter que ler”) e não há consciência nem memória política, histórica nem
econômica.

Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar
projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco
ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.

Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados
médicos podem ser “comprados”, sem fazer nenhum exame.

Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança
nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que
está sentada finge que dorme para não dar o lugar.

Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o
pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos
esbaldamos em criticar nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me
sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem “molhei” a mão de um guarda
de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como
brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente
através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não! Não! Não! Já basta!!.

Como “Matéria Prima” de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta
muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa.

Esses defeitos, essa “ESPERTEZA BRASILEIRA”
congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até
converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do
que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e
honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não em outra parte…

Me entristeço.

Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que
o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima
defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada…

Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas
enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar
primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem
serve Lula, nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a
força e por meio do terror?

Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa “outra coisa” não comece a surgir de
baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro
para os lados, ou como queiram, seguiremos
igualmente condenados, igualmente estancados….igualmente sacaneados!!!

É muito gostoso ser brasileiro.
Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser
um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a
coisa muda…

Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um
Messias.

Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos
brasileiros não poderá fazer nada.
Está muito claro… Somos nós os que temos que
mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que
anda nos acontecendo:
desculpamos a mediocridade mediante programas de
televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi
procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim,
exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de
desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE
O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.. MEDITE!

-.João Ubaldo Ribeiro.-

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Habeas Pinho

Habeas Pinho

Na Paraíba, alguns elementos que faziam uma serena foram presos. Embora liberados no dia seguinte, o violão foi detido. Tomando conhecimento do acontecido. o famoso poeta e ex governador Ronaldo Cunha Lima enviou uma petição ao Juiz da Comarca, em versos, solicitando a liberação do instrumento musical.

Senhor Juiz.
Roberto Pessoa de Sousa

O instrumento do “crime”que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.

Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.

O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam  a vida
E sufocam as suas próprias dores.

O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.

Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão

Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno acoite
De suas cordas finas e sonoras.

Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?

Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.

O juiz Roberto Pessoa de Sousa, por sua vez, despachou utilizando a mesma linguagem do poeta Ronaldo Cunha Lima: o verso popular.

Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.

Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.

Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar á porta do Juiz.

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